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domingo, 17 de janeiro de 2016

A família Rustici no Brasil: montando o quebra-cabeças

A motivação inicial

Em primeiro lugar, vale a pena lembrar que fazem parte desta estória as pessoas que possuem ou que são filhos de pais com sobrenome Rustici (o original), Rusticci e Rustice, estes dois últimos com a grafia incorreta devido a erros nos registros em cartório. Não acredito que existam pessoas com sobrenome Montali que se lembrem da sua descendência, mas se houver, ótimo! Nas minhas pesquisas, eu encontrei apenas um Rustici que, a princípio, não faz parte desta estória. Ele teria chegado ao Brasil entre o meio e o fim do século passado com o status de imigrante. Veio sozinho, não sei se teve filhos. A minha descendência é a seguinte: Eu sou filho de Nivaldo Montenegro Rustice, filho de José Rustice (conhecido pelo apelido de canhoto e falecido em São Caetano do Sul em 08/01/1986 - tinha contato com muitos sobrinhos), filho de Massimo Rustici (nome de batismo Massimino) e Anna Maria Montali.

Este é um longo post, mas é fruto de anos de pesquisa. Espero que gostem.

Desde pequeno eu sentava na sala da minha avó Elzira Montenegro Rustice para ouvir as estórias sobre pessoas em uma série de fotografias que ela guardava em uma caixa. Tanto gostava das estórias e das fotos, que herdei a tal caixa. Fazia parte das estórias também o meu avô: José Rustice. Infelizmente, ele faleceu antes de poder contá-las diretamente para mim pois eu ainda era muito novo. Uma daquelas estórias despertou a curiosidade porque era um tanto incomum, justamente a estória do pai do meu avô: Massimo Rustici.

Contava-se na família que dois irmãos, casados com duas irmãs, vieram da França (ou Itália, em algumas versões) para o Brasil. Na viagem, morreu um irmão e uma irmã e os cunhados sobreviventes se casaram e tiveram mais filhos além dos que já tinham dos respectivos casamentos. O meu avô, que seria caçula desta última união, tinha 11 irmãos. Ele brincava dizendo que era primo dele mesmo porque seus pais eram cunhados. Dizia-se também que eles vieram fugidos da guerra/revolução ou de problemas com política.

Esta estória era verdadeira? Quem eram, de onde vieram? Eu precisava saber!

Entre a tradição oral e o que de fato aconteceu podem existir pequenas diferenças. Quando comecei a pensar em pesquisar o assunto, eu tentei buscar suporte em documentos que pudessem comprovar o que se dizia na família. Isto é muito difícil já que estes fatos tem mais de 100 anos e ocorreram, em sua maior parte, fora do ABC Paulista, local onde eu residia. Depois de conhecer a minha esposa, que também é descendente de italianos e que já passou por este processo de pesquisa, eu fiquei ainda mais interessado. Por coincidência, ou não, a família dela habitou a mesma região onde os meus antepassados moraram e meu sogro voltou a morar na cidade de Bebedouro. Isto facilitou muito as pesquisas. Outro fator que ajudou foi o advento das redes sociais e o contato com parentes e primos que possuíam outras peças do quebra-cabeça. Por fim, a publicação de documentos de genealogia por diversos sites na Europa também ajudaram e continuam ajudando muito.

Na sequência, vou descrever a estória como eu consegui desvendá-la até o momento. Onde for possível, citarei os documentos encontrados. Onde não há ainda documento, existem as hipóteses que se baseiam em fatos históricos da época ou relatos de família. Infelizmente, em alguns casos existem apenas suposições que esperam ser comprovadas. Assim que possível, colocarei imagens e links no texto. Vou focar inicialmente no relato.

Traduzindo o que se contava na família

Segundo documento do Arquivo Público do Estado de São Paulo, Massimo Rustici (ele assinava Massimino Rustici e ainda não sei o motivo, sendo que, em alguns documentos oficiais, consta o normal Massimo. Em outros, a grafia pode variar para Maximo. Atualização: o nome de batismo é Massimino conforme registro de nascimento) chegou ao Brasil no dia 24/05/1891 no vapor genovês Gio Batta Lavarello (embora o vapor seja de uma empresa genovesa, é possível que ele tenha feito escala em Napoli, sendo que não se sabe se embarcaram em Napoli ou em Genova). Ele desembarcou no porto de Santos. Com ele estavam a esposa Marianna Montali e seis filhos: Maria, Luisa, Giuseppina, Giuseppe, Egido e Francesco. Embora existam dúvidas sobre qual trajeto ele tenha feito na sequência, existem vários documentos que demonstram que ele se estabeleceu na região de Monte Azul Paulista/SP, mais especificamente na Fazenda Avanhandava. Eu suspeito que ele tenha passado por outras fazendas antes de chegar a região de Monte Azul, mas não encontrei documentos que comprovem isto. Documentos dão conta de que ele se declarou agricultor. Vamos dar um pause na estória do Massimo.

No dia 29/05/1899, oito anos após a chegada de Massimo, chega ao Brasil Anna Maria Montali no vapor Minas (o nome indica que possivelmente houve uma escala no Brasil, pois não é um vapor italiano). A informação é também do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Ela chegou sem o marido, posteriormente identificado como o irmão de Massimo: Desiderio Rustici. Junto com ela, vieram o cunhado Isaac Grassi, a irmã e esposa de Grassi, Celeste Montali e os filhos dos dois casais. A estória de Isaac e Celeste não é o foco para nossa família, mas volto a falar deles mais tarde. O pai e a mãe da Anna Maria e Celeste também vieram, embora exista uma falha no registro de entrada no caso do pai, listado como Luigi, mas que se chamava Alexandre Montali (ou Alessandro). A mãe se chamava Maria Domenica Zini. A correta identificação do nome dos pais das meninas Montali, meus tataravós, só foi possível por meio de pesquisas nos cartórios de Monte Azul e de Sisco, na França (chego lá depois). Constam como filhos de Anna Maria Montali: Luiza, Giuseppina, Francesco, Giovanni e Alessandro. Teriam vindo ainda o sogro de Anna Maria, Francesco. Este seria então o meu tataravô, Francesco Rustici, pai de Massimo e Desiderio. A esposa de Francesco, Luisa (nome de batismo Luigia) Anelli, não veio para o Brasil e deve ter falecido na Itália ou na França. Os nomes dos meus tataravós encontrados em documentos confirmam os relatos da minha avó.

Anna Maria Montali, data desconhecida.
Foto guardada carinhosamente pelo meu avô, agora sob minha custódia.

Após semanas de viagem, a família de Anna Maria e Celeste chega ao Brasil e encontra uma triste notícia. No dia 22/05/1899 havia falecido a irmã Marianna Montali, vítima de febre, na Fazenda Avanhandava. Ela deixou Massimo viúvo e sete filhos. O drama não havia começado neste momento. Anna havia acabado de perder o marido Desiderio Rustici, morto na ilha da Corsega (França) em algum momento entre 1898 e 1899. A data e local exatos do falecimento de Desiderio ainda estão em processo de pesquisa. Anna Maria se estabeleceu em Monte Azul Paulista e registros dão conta de que as duas famílias se juntaram e os cunhados Massimo Rustici e Anna Maria Montali começaram a ter filhos em 1902.

As raízes dos Rustici e Montali no Brasil


Os pais das meninas Montali, Alexandre Montali e Maria Domenica Zini faleceram em Monte Azul Paulista em 15/01/1913 e 03/11/1915, respectivamente. Ainda não encontrei o óbito de Francesco Rustici, pai de Massimo e Desiderio e esposo de Luisa Anelli. É provável que tenha falecido em Monte Azul também. Luisa Anelli (ou Maria Luisa Anelli) faleceu em Fugazzolo di Berceto (Atualização), Província de Parma, em data desconhecida.

Neste ponto, vale o comentário. O relato de família está correto, mas os irmãos não vieram juntos para o Brasil como a estória dava a entender. Desiderio pode nem mesmo ter saído da Europa ou pode também ter morrido durante a viagem de navio. Marianna morreu em Monte Azul Paulista. Mas, no final das contas, no trajeto entre a Europa e o Brasil, de fato, dois irmãos, casados com duas irmãs, ficaram viúvos e se juntaram formando uma outra família. É bastante surpreendente que a estória tenha resistido por mais de um século despertando a curiosidade das gerações que vieram depois.

Nos últimos anos, as minhas pesquisas se concentraram nesta estória de família e busca de evidências documentais diretamente nas cidades italianas (envio de e-mail para cartórios) que tinham maior concentração de pessoas com os sobrenomes Rustici e Montali. Porém, sem as datas de nascimento perfeitamente corretas e sem o local ficou muito difícil obter uma confirmação, apesar da boa vontade de vários cartórios (Ufficio Anagrafe) italianos. Muitos me enviaram respostas pelo correio, mesmo sendo respostas negativas. O governo brasileiro na época não fazia o registro correto da originação dos imigrantes. Quando fazia, muitas vezes escrevia nomes errados, o que dificulta a pesquisa. Frustrado com as respostas negativas, dei um passo atrás e passei a fazer buscas nos cartórios do Brasil, um pouco por ano.

França ou Itália?

Em alguns relatos de família, dizia-se que as famílias haviam vindo da França. Observando os nomes, todos italianos, e sendo os sobrenomes Rustici e Montali italianos, eu sempre me perguntei o motivo deste relato.

Durante as pesquisas no cartório de Monte Azul, minha principal fonte, eu questionei o responsável sobre a inconsistência em alguns nomes. Ele disse que não era incomum que os imigrantes adotassem um nome brasileiro e este, com o tempo, era oficializado. Alguns podiam simplesmente traduzir o nome. Giuseppe se tornava José, Giusepinna se tornava Josefina, Francesco se tornava Francisco. Outros, mudavam de nome completamente. Isto dificulta a identificação do que aconteceu com os filhos de Massimo, Desiderio, Marianna e Anna Maria. A forma de encontrar as correlações é por meio dos documentos em cartórios e outros relatos de família. É sabido que muitos se estabeleceram em cidades como Bebedouro, Barretos, Franca, Olímpia, Mirassol e outras cidades próximas no interior de São Paulo. Alguns vieram mais para o sul de São Paulo, nas regiões próximas a Campinas, cidades do ABC e a própria capital.

Um caso interessante é um irmão bastante próximo do meu avô, Francisco Rustici. Ele dizia ser francês, morou e faleceu em Barretos, onde possuía um ferro velho. Contava o meu avô que ele guardava muitas moedas em latões de óleo. Eu mesmo herdei uma coleção de moedas antigas do meu avô. Algumas, possivelmente podem ter tido origem neste tio-avô. Foi a estória de Francisco que me tirou o sono. Por que ele dizia que era francês se toda a família foi identificada como italiana na imigração no Brasil? Estive uma vez em Barretos buscando informações e um senhor muito idoso que estava no banco da praça da igreja confirmou ter conhecido o Francisco e disse que ele dizia mesmo ser francês. O primeiro recurso de pesquisa foram os livros de História e sites. Havia alguma região italiana sobre domínio francês no final do século 19? Alguma região sob disputa militar ou política, talvez? Eu também tentava fazer o link com a estória que contavam na família sobre eles terem vindo fugidos.

Depois de muito pesquisar, eu cheguei à conclusão de que na época em que Massimo já era adulto, a única região que tinha alguma relação com a França e a Italia era a Corsega. A Corsega esteve sob domínio italiano até 1768, quando foi invadida pela França. As cidades tem nome italiano, os habitantes tem nomes italianos. Existem relatos de que muitos ainda nutrem o desejo separatista. A Corsega também foi berço de um cidadão bastante ilustre. Lá nasceu Napoleão Bonaparte. A ilha está localizada a poucos quilômetros da ilha da Sardegna. Será que a família seria toda francesa e isto explicaria os nomes italianos em território francês? Estas eram hipóteses, mas faltavam documentos para comprovar a tese.

Nas minhas férias de 2014 eu fiz uma intensa busca nos cartórios de Bebedouro e Monte Azul. Em Monte Azul localizei a certidão de casamento entre Massimo Rustici e Anna Maria Montali que ocorreu em 29/08/1923. No livro consta que eles estavam juntos havia muitos anos e que já possuíam filhos. Lá consta também que Anna Maria era viúva e que seu marido, Desiderio Rustici, morreu na Corsega 23 anos antes. Bingo! Eu tinha uma evidência documental da teoria. Nesta busca eu também confirmei que Massimo e Anna Maria haviam nascido na Itália, num local descrito como "província de Palma". Não existe província de Palma na Itália. Seria uma cidade que começa com o nome Palma? Existem algumas sim. Ou será que se tratava da Província de Parma? Se fosse a Província de Parma, existe uma grande quantidade de cidades lá. Novamente, restou a dúvida e nenhuma indicação da cidade de origem, mas eu havia chegado muito, muito perto. Voltei para os sites históricos para estudar a evolução dos nomes das províncias italianas e demais cidades que começavam com Palma. Meu palpite era pela Província de Parma.

Nas férias de 2015, eu ataquei os cartórios e cemitérios novamente. Eu já sabia que Massimo havia falecido em Mirassol/SP em 05/11/1931 por informação de um primo. Fui até o cemitério e, infelizmente, não encontrei vestígios dele. Calma, eu não queria perguntar pra ele, mas já que estava lá, procurei ele no cemitério. Aliás, fiz algumas descobertas interessantes fazendo buscas que a princípio não tinham muito sentido. Segundo a pessoa responsável, ele deve estar nas gavetas dos muros do cemitério e muitos estão sem identificação. No cartório, consegui apenas algumas informações indiretas sobre filhos, netos, uma indicação para buscas no cartório de Olímpia. Nada com uma pista quente. Passei em Monte Azul e fui na prefeitura checar uma informação que já tinha. Anna Maria Montali faleceu ali no dia 10/03/1952. Na prefeitura consta que ela foi sepultada em uma sepultura perpétua, mas não encontramos o local. O número de identificação, 173, bateu com uma gaveta na parede do cemitério. Ela, possivelmente, está ali. Fora isto, não encontrei mais nada.

Na certidão de óbito de Massimo, quase nada consta. Apenas quem comunicou o falecimento: Pedro Rustici. Ele teria 88 anos na data da morte. A certidão de Anna Maria Montali consta o nome dos pais, a idade de 84 anos e os filhos que ela deixou (note, vivos): João, Francisco, Angelo, Luiza, Rosa, Tereza e José (meu avô). Ainda é difícil afirmar quais destes eram brasileiros, além do meu avô, claro. Além disso, podemos supor que as pessoas talvez morressem jovens em maior quantidade naquela época por falta de recursos, remédios. É difícil precisar quantos filhos ela perdeu. Encontrei alguns óbitos em Monte Azul, pelo menos um de um bebê filho dos dois. Ela era parteira, ao menos aqui no Brasil. Era conhecida em Monte Azul como Maria Parteira. Não sei se trabalhou na agricultura quando mais nova.

Ainda confiante que poderiam ser da Província de Parma, tentei a igreja católica. Enviei um email para a Diocese de Parma solicitando uma pesquisa pelos nomes do Massimo e da Anna Maria. Até hoje, não responderam.

Enfim, onde nasceram os irmãos Rustici e as irmãs Montali

Voltando para casa, conversando com uma amiga sobre a possibilidade de encontrar registros de embarque da Europa para o Brasil, ela me passou alguns sites. Como eu estudo italiano tem alguns anos, busquei sites italianos também. Talvez agora com mais informações, uma busca internacional fosse mais viável. Eu comecei esta linha de pesquisa neste ano de 2016. Durante as pesquisas em vários sites (váaaarios mesmo) por registros de embarque para o Brasil, indiretamente eu cheguei no site www.geneanet.org. Quando lancei Rustici eu não acreditei. Lá estava uma referência para o registro de casamento de Massimo Rustici e Marianna Montali em 30/11/1883. Depois, encontrei outra referência para o casamento de Isaac Grassi e Celeste Montali em 23/12/1884. Vale registrar que isto foi um tremendo golpe de sorte. Uma pessoa, se me lembro bem, do Canadá, postou no site um índice de casamentos e outros atos de algumas regiões em particular. Por sorte, os registros deles estavam no meio desta lista. Da Corsega, havia apenas a cidade de Sisco. Do contrário, seria muito difícil localizar isto. Bem, ambos os casamentos foram registrados na cidade de Sisco, na alta Corsega (região norte), França. Atualização: Desiderio Rustici e Anna Maria Montali se casaram em Pietracorbara, na Córsega, no dia 18 de Janeiro de 1890. Ainda não localizei o óbito do Desiderio, mas ele nasceu em Fugazzolo di Berceto. Continuarei pesquisando. Por que eles estavam morando ali, eu ainda tenho que descobrir. Ficou claro que se casaram e tiveram filhos na ilha, talvez todos. Localizei o nascimento e posterior óbito de Maria Domenica Rustici (nome em homenagem à mãe das irmãs Montali) em 1890, que parece ter sido a primeira filha dos dois. Logo depois, começaram a ter filhos a cada 2 anos, até que Anna Maria se mudou para o Brasil. Estas descobertas me deixaram muito animado. Eu tinha agora algumas referências com datas dentro da Corsega. Eu precisava agora era saber o que estava escrito nos registros do cartório francês. Vale dizer que muitos descendentes dos filhos de Massimo, Desiderio, Anna Maria e Marianna, devem buscar informações em solo francês e não na Itália, pois eles tiveram alguns dos filhos na Corsega. Não sei dizer quantos, mas pelas idades dos filhos no Arquivo Publico do Estado de São Paulo e as datas dos casamentos na Corsega é possível deduzir quem era francês e quem era italiano. Para quem busca cidadania italiana, é necessário ser, ao menos, bisneto do italiano. Não sei qual é a regra na França.

Poucos dias depois, encontrei o site http://www.haute-corse.fr/site/index.php?page=etat-civil, uma espécie de "cartórios online" do governo da Alta Corsega. Neste link é possível pesquisar as imagens dos livros dos cartórios. Não encontrei um índice (talvez exista), mas é possível olhar todos os livros. Seguindo as instruções do Geneanet, localizei os livros e as páginas e voilá! Lá estavam os registros dos casamentos. O texto está em francês. As 4 ou 5 aulas que tive de francês e a caligrafia da pessoa que escreveu nos livros tornaram a leitura um verdadeiro desafio. No entanto, pude entender que toda a nossa família Rustici é originária de Berceto, comune da Província de Parma, Emiglia Romagna, Itália. Ao menos a Marianna e a Celeste Montali são naturais de Palanzano, também na Província de Parma, também na Emiglia Romagna. Uma distância de cerca de 50km separa as duas cidades. Muito possivelmente, Anna Maria Montali, a caçula, deve ter nascido em Palanzano, mas, assim como os demais casos, prefiro encontrar a prova documental disso. Eu ainda não consegui entender a data do nascimento deles no registro de casamento. Vou continuar tentando ou solicitar uma transcrição ou documento oficial das certidões. Mas agora, é fácil.

Assinatura de Massimo Rustici no registro do casamento 
no cartório corso de Sisco/França

Note que não há assinatura de Marianna Montali, embora o nome dela esteja na primeira página do trecho do registro no livro. No registro do casamento de Anna Maria Montali com Massimo no Brasil, consta no livro que ela não sabia escrever e outra pessoa assinou em seu lugar. Imagino que a irmã Celeste, mais velha, também não sabia escrever e por este motivo não há assinatura no final do registro.

Atualização: Massimo (nome de batismo Massimino) Rustici nasceu na fração de Valbona, Comune de Berceto, Província de Parma, no dia 25 de Março de 1857. Esta informação foi obtida após solicitação submetida ao cartório da Alta Corsega. Atualmente, estou em contato com o cartório de Berceto para solicitar o documento oficial, mas já me confirmaram o registro de nascimento de número 43 neste local e data. Marianna Montali nasceu em Palanzano, Província de Parma, no dia 28 de Janeiro de 1865. Quando se casaram em Sisco, no dia 30 de Novembro de 1883, Massimo tinha 26 anos e Marianna tinha 18 anos. Desiderio e Anna Maria se casaram no dia 18 de Janeiro de 1890 em Pietracorbara, Córsega, França. Ele, de Fugazzolo di Berceto, também da Província italiana de Parma, nascido em 29 de Dezembro de 1864. Anna Maria, de Palanzano, Província italiana de Parma, nascida no dia 4 de Julho de 1871 (Confirmado pelo cartório de Palanzano).

Registro de Nascimento número 43 de Massimino Rustici, filho de Francesco Rustici e Luigia Anelli.
Valbona di Berceto, 25 de Março de 1857

Bônus para os descendentes de Issac Grassi e Celeste Montali: Isaac Grassi nasceu em Bergotto di Berceto (um pequeno distrito de Berceto). A informação está no registro de casamento citado acima. Aparentemente a família Grassi era bastante próxima dos Rustici e Montali. Um certo Pasqualini Grassi foi testemunha do casamento do Massimo e da Marianna.

Não posso dizer que esta estória chegou ao fim. Ficam perguntas a serem respondidas:

O que eles faziam na Corsega neste período que moraram lá? Atualização: Encontrei referências históricas de que era comum que os trabalhadores italianos da região de Parma (Berceto fica nas montanhas) se mudassem para a Toscana, para a Córsega ou outras regiões da França durante o inverno para trabalhar, uma vez que não haveria serviço nesta época do ano. A região de Parma entrou em colapso financeiro depois da unificação da Italia. O governo italiano facilitou a emissão de passaportes para permitir que os cidadãos buscassem serviço fora do país.

Onde foram parar todos os filhos de Massimo, Desiderio, Anna Maria e Marianna? Sei de alguns, mas podemos continuar pesquisando.

Onde nasceu Anna Maria Montali? Foi mesmo em Palanzano, quando? Atualização: Confirmado pelo cartório de Palanzano o nascimento em 04/07/1871.

Onde nasceram Alexandre Montali e Maria Domenica Zini?

Onde e quando nasceu e morreu Luisa Anelli? Atualização: Ela faleceu em Fugazzolo di Berceto.

Onde e quando morreu Francesco Rustici?

Onde, quando e do que morreu Desiderio Rustici? Atualização: Ele nasceu em Fugazzolo di Berceto.

Será que existe uma tragédia política por trás da morte de Desiderio? Será por isto que vieram fugidos para o Brasil? Ou a tal guerra/revolução/questão política que na realidade afetou as vidas deles seria a unificação da Itália? Ou seria o separatismo corso? Atualização: Uma amiga italiana me disse que, além das questões econômicas muito difíceis depois da unificação da Itália, o governo italiano se envolveu na guerra da Eritreia (1885-1895). Muitos soldados eram recrutados na região da Emília Romagna e muitos cidadãos acabaram fugindo de lá para não serem enviados para o conflito na África. A Eritreia acabou virando colônia italiana. Esta é uma hipótese válida pois os fatos ocorreram no mesmo período em que Massimo e família estavam na Corsega.

Ainda fica o sonho de voltar na Itália e apreciar a paisagem de Berceto e Palanzano, duas comunes pequenas e cheias de História. Passei tão perto de lá quando visitei Cinque Terre! Tenho que voltar, entrar nas antigas igrejas, imaginar que passaram por ali e ver como vivem hoje aquelas pessoas. Segundo o site cognomix, existem 2 Rustici em Berceto e alguns Montali em Palanzano. Serão parentes distantes? Mais importante é não deixar a estória morrer, fazer passar para as próximas gerações.

Agradeço a todos os amigos e familiares de todas as gerações que ajudaram a compilar estas informações. Quer ajudar a completar esta estória ou então perguntar mais alguma coisa que eu possa ter esquecido de escrever? Me procure no Facebook: Renato Montenegro Rustice. Vou manter este post atualizado com as informações que forem aparecendo. Também farei o upload das imagens dos documentos encontrados.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Italia - Dia 33 e 34 - Roma e São Paulo

O dia em Roma amanheceu nublado, mas sem chuva. O nosso plano era tomar café e dar uma última volta pelo bairro e comprar mais algumas lembranças. Assim fizemos.

Eu comprei uma faca de cerâmica que tinha ficado interessado na Suiça no ano passado. Tinha visto uma propaganda em Venezia e fiquei de olho. Acabei achando em Roma. Além disso, comprei um Passito, um delicioso vinho licoroso. A detalhada explicação sobre o vinho foi um show a parte. Os italianos, realmente, são apaixonados por vinhos.

Passito
Deixamos o checkout marcado para a hora do almoço e o taxi nos buscaria às 13h. Este foi um presente que nos demos. Não animamos arrastar as malas e pegar transporte público. De brinde, o taxi era uma Mercedes, que sou muito fã!

O voo seria somente a noite. Aproveitamos para curtir a preguiça no aeroporto. Gostamos muito de Fiumicino, embora já tenhamos ouvido falar mal. Não existem muitas opções de loja fora do embarque. Dentro, sim. Achamos que faltam lugares para sentar. Na realidade, isto é assim em todas as partes da Italia. Se quer sentar, entre em um restaurante ou bar. De resto, o aeroporto é muito limpo e tem uma ótima estrutura.

Sobre as compras, compre o que puder de bugigangas/lembranças nas cidades. Algumas delas, como cartões postais, você encontra nas tabacarias ou edicola (bancas de jornais) com um preço muito bom. As opções no aeroporto são mais restritas e bem mais caras. O restaurante do embarque deixa claro que você não está mais na Italia. As opções de vinho são mínimas (onde estão os italianos???) e a comida parece ter sido feita no microondas.

Na portão de embarque sentimos o calor do Brasil. Muita gente reclamando disso ou daquilo e falando alto. O brasileiro não é o povo que faz, é o povo que reclama. Se a vinda foi um sabor da Italia, não há dúvida que o retorno teve a cara do Brasil. Nunca vi tanta confusão para acomodar o povo no avião. O tempo todo era gente sentado no lugar do outro, reclamando das bagagens, falando alto ou no telefone, alto no telefone, etc. As comissárias italianas, verdadeiras damas, resistiam com uma paciência inabalável.

Comprei aqueles tapa olhos e mais uma almofada inflável. Funcionaram muito bem. Depois de dois copos de vinho, o sono veio. Também, já estava na hora que estávamos acostumados a iniciar o relaxamento para o sono. Coloquei um canal de música italiana e dormi até cerca de 2h da madrugada. Tomei um Dramin pra reforçar o sono (fica a dica). Aí foi lindo. Acordei já na altura de Minas Gerais.

Desembarcamos quase 5h em Cumbica. De fato, o desembarque internacional está acelerado. Pegamos o ônibus da TAM das 6:30 até Congonhas. O trânsito só enroscou na marginal, sendo que levamos cerca de 1:30 para chegar. Nosso voo para Minas seria as 13h. Congonhas vazio, como há muito eu não via. Fizemos hora, compramos livros, lemos e fomos embora.

É muito bom chegar em casa. Tenho uma dica para quem deixa o carro em casa (off-topic). Para que ele fique tanto tempo sem uso sem gastar toda a bateria, eu costumo desligar um dos pólos. É importante fazer isto com cuidado para não tomar choque. Chegamos em casa, reconectei o pólo e o carro funcionou sem problemas. Dá certo.

Agora é sonhar com a próxima viagem. Nos próximos posts, adicionarei alguns detalhes e dicas sobre a Italia. Estou preocupado com uma coisa. Não vejo mais a comida com os mesmos olhos. O Italiano trata o alimento e a bebida como um querido companheiro de vida, que eles conhecem muito bem, respeitam e amam. Vamos ver como será a readaptação.

Até depois!

domingo, 30 de setembro de 2012

Italia - Dia 32 - Roma

Domingo preguiçoso como gostamos. Acordamos tarde e tomamos café. Esperamos dar o horário da mensagem do Papa, que seria ao meio dia. Quase uma hora antes, caminhamos até o Vaticano. Chegamos com uns 30 minutos de antecedência. Não estava tão cheio.


Aguardando o pronunciamento do Papa
Ouvi um turista espanhol dizendo que o Papa não estava no Vaticano. De fato, ele não estava. Tivemos que vê-lo por um telão instalado na Praça de São Pedro. No site do Vaticano tem a agenda do Papa. De qualquer forma estaríamos aqui neste final de semana. Se alguém fizer muita questão de vê-lo ao vivo, recomendamos verificar a agenda.

A previsão do tempo era de chuva e os italianos tem se mostrado muito bons nisso. Voltamos para o hotel para pegar os guarda-chuvas. Pegamos o metro e fomos almoçar perto da Fontana di Trevi novamente, mas em um restaurante diferente. Gostamos muito do local. Antes, passamos na Piazza di Spagna. Honestamente, a única coisa legal que tem lá é um banheiro público.


Piazza di Spagna: fraquinha.
Caiu a chuva. Estava mais aquela garoa mais forte do que chuva mesmo. Nada espantava os turistas que continuavam se acotovelando na Fontana. Demos uma volta pelas dezenas de lojas da região entre uma pancada de chuva e outra. Voltamos pro hotel e fizemos uma pausa.

Saímos novamente para jantar. Aproveitei para comer o delicioso prosciutto italiano antes de ir embora. Na sequência, me despedi do spaghetti. Um vinho e uma panna cotta para concluir. Ao lado havia uma mesa cheia de padres. Só um falava e os demais riam. Imaginamos que estava contando piadas de padres. Será que seria algo assim: "Estavam um padre brasileiro, um alemão e um inglês.....". Não sabemos, mas devia estar bem engraçado. O vinho na mesa devia estar ajudando, claro.

Com uma leve trégua da chuva, voltamos para o hotel. Mesmo com chuva, Roma é maravilhosa.

Amanhã iremos para o aeroporto na hora do almoço. Apesar de deixar um pedaço do coração na Italia, estamos com saudades da nossa terra, familiares e amigos. Até mesmo do trabalho!

A dopo!