Começou a viagem. Ainda estou com aquela estranha sensação de que estou esquecendo algo importante.
O voo de São Paulo para Roma partirá do Brasil às 15h de amanhã. A orientação é fazer o check in quatro horas antes da decolagem, o que seria às 11h da manhã. Chegar em São Paulo durante a manhã em Congonhas e pegar um transporte qualquer para Cumbica visando fazer o check in até as 11h seria uma missão de certo risco. Além disso, deve-se considerar uma folga para atividades extras que costumam ser executadas em Cumbica antes do embarque internacional, como o câmbio, por exemplo.
Como somos pessoas que topamos o risco, desde que controlado, decidimos chegar em São Paulo um dia antes e passar uma noite em um hotel mais próximo possível de Cumbica. Isto nos daria uma ótima janela para pensar em um plano B no caso de haver algum problema no voo até São Paulo. Como chegamos em São Paulo após as 21h também desconsideramos a possibilidade de dormir na casa de parentes para não causar incômodos.
Para reduzir os custos, buscamos um hotel próximo a Cumbica com o serviço de translado gratuito. Seguindo este plano, podemos dormir e acordar bem descansados e pegar o shuttle até o aeroporto.
Vamos falar um pouco mais sobre o planejamento da viagem.
Hotéis
Fizemos tudo via booking.com. Esta é a segunda vez que utilizamos o serviço. Ficamos muito contentes com o resultado na primeira vez e esperamos que o sucesso se repita. Antes de começar, delimitamos o que seria aceitável e inaceitável. Por exemplo, os requisitos mínimos foram: localização próxima dos pontos turísticos ou próxima de um transporte público, estacionamento privado no local, quarto com banheiro e cama de casal, cozinha noturna seria um benefício extra, ter boas avaliações dos hóspedes. Este último é o mais importante e pode ser verificado no site.
Utilizamos o Google Earth + Street View para verificar a localização do hotel em detalhes.
Malas
Setembro ainda é verão na Europa. Pegaremos o início do Outono durante a viagem. Estamos falando de roupas leves, exceto pelos 2 dias que passaremos nas Dolomitas, mas uma blusa normal deve resolver. Vários sites na Internet fornecem informações sobre as temperaturas médias em várias épocas do ano e em todo o mundo. Isto ajudou muito. Optamos por limitar as bagagens em duas malas médias, uma pequena e uma mochila pequena. Reservamos um espaço para levar presentes para os parentes italianos e para trazer presentes para os brasileiros.
Compramos um kit com 6 bons cadeados com chave. Tivemos problemas com cadeados de segredo na última viagem e resolvemos evitar. O cadeado com chave é muito mais resistente a impactos.
Costumamos identificar as bagagens com uma etiqueta emborrachada que pode ser comprada em lojas de artigos de viagens. Com elas é possível registrar informações sobre o trajeto que está sendo feito, o que facilita encontrar as malas em caso de extravio. Nossas malas são de cores incomuns e isto é proposital, uma vez que facilita a localização à distância. Costumamos também colocar fitas coloridas em uma das alças para facilitar a identificação.
Absolutamente importante é lembrar do limite de peso para as viagens internacionais. Esta informação está no site das companhias aéreas envolvidas no trajeto. O limite para o translado no Brasil é menor do que o do translado internacional. Procuramos sempre ficar dentro do menor limite do trajeto. As taxas para quem excede o peso costumam ser bem salgadas. É possível comprar uma balança de viagem que permite pesar as malas facilmente. Não costumamos levar ou trazer muitos itens e por isto dispensamos este equipamento.
Sempre levamos um ferro de passar roupas compacto. Nem sei onde comprar outro destes, mas ele é desmontável e bi-volt. Como não dá para levar roupas para todos os dias, vamos utilizar lavanderias a cada 10 dias, aproximadamente.
Desta vez lembramos de levar um saca rolhas.
Medicamentos
Normalmente, não é possível comprar medicamentos em outros países sem possuir uma receita. Por este motivo, sempre levamos um kit hipocondria na bagagem. Os preferidos são: analgésico, antibiótico, antigripal, relaxante muscular, antiácido, remédio para segurar uma diarreia (Imosec), Dramin para náuseas, band-aid e antialérgico. Recentemente descobri que tenho urticária quando como alguns embutidos e a Italia produz dos mais deliciosos. Estou levando o remédio Hixizine para poder comer à vontade.
Vouchers
O voucher tem uma cópia escrita do que foi combinado com o hotel, museu, locadora de veículos, companhia aérea, etc. Todos os vouchers devem estar organizados e com fácil acesso. Deixamos uma cópia online (em um email) e levamos uma cópia impressa. Compramos uma pasta com folhas plásticas (aqueles saquinhos). Todos os vouchers estão organizados em ordem cronológica. À medida em que forem necessários, eles serão apresentados e os recibos de pagamento poderão ser armazenados dentro das folhas plásticas correspondentes.
Posso destacar duas vantagens:
> No momento da entrada no país de destino, fica fácil comprovar o seu roteiro de viagem, previsão de custos e tudo mais. Nunca fomos questionados em detalhes, mas pode acontecer. Ainda mais quando a estadia é longa.
> Esta é uma ótima forma de monitorar o orçamento. Conseguiremos acompanhar os gastos por trecho com todas as notas. Sempre aparecerão gastos extras.
Várias cidades oferecem pacotes com preços promocionais para o transporte público, museus e outras atrações. Estes pacotes podem ser comprados com antecedência via Internet. Compramos alguns.
Estudo do roteiro
Que desperdício seria ter passado por um ponto turístico fenomenal sem saber que ele estava ali, não é? Procuramos ler tudo o que encontramos sobre os locais por onde vamos passar. Compramos aqueles guias de viagem. Só de ler, já fizemos descobertas surpreendentes que contaremos durante a viagem.
Transporte
A malha ferroviária e o transporte público na Europa são conhecidos pela sua boa distribuição e qualidade. No entanto, a flexibilidade do carro em uma viagem é inigualável. Dentro das cidades, em geral, pode compensar andar de transporte público. As ruas das cidades europeias não possuem muito espaço para estacionamento e, quando tem, quase sempre é pago.
O maior desafio no aluguel de um veículo é entender todas aquelas condições em detalhes. O que fizemos pela Internet é apenas uma reserva. Na hora do vamos ver, o preço fica mais salgado por conta dos seguros. Desta vez optamos pelo veículo mais barato possível, que permitia levar a quantidade de malas que estamos carregando e que possuía os itens básicos de segurança.
Também somos adeptos das operadoras tradicionais. O barato demais pode sair bem caro.
Tivemos o cuidado de reservar apenas hotéis com estacionamento incluso (privado e disponível no local). Muitos hotéis possuem estacionamentos públicos (ou seja, não possuem) ou estacionamentos privados em uma localização próxima, o que é incômodo.
Aspectos Culturais e Legais
Somos visitantes na Italia. É educado e prudente seguir as regras locais. Procuramos nos informar antes da viagem. Uma das fontes foi o livro "A Cabeça do Italiano", de Beppe Severgnini. Além disso, lemos outros materiais a respeito dos costumes e leis locais. Isto evita gafes e, em muitos casos, multas. Ainda não esqueci da salgadíssima multa que levei na Suiça no ano passado.
Uma coisa muito bacana que vejo na experiência de viajar é justamente observar e aprender com a forma como outros povos vivem.
Dinheiro
Assunto delicado e fundamental. Ficamos de olho nas contas. Iniciaremos a viagem com uma pequena porção de dinheiro em espécie até que tenhamos certeza de que os cartões estão funcionando lá fora. Faremos o câmbio em Cumbica mesmo.
Hoje em dia é muito cômodo utilizar os cartões de débito internacionais. Existem várias opções entre Visa, Master e American Express. No site das bandeiras existem informações sobre os bancos credenciados e a localização dos ATMs (caixas) em todos os países do mundo. Confirmamos que a cobertura do nosso cartão era suficiente para a Italia. Os cartões de débito não estão sujeitos à cobrança de IOF, exceto no momento do câmbio. São uma ótima opção para fugir deste imposto, mas devem ser utilizados de forma racional. Cada saque em dinheiro gera a cobrança de uma taxa de 2,5 euros.
Seguros e Telefones de Emergência
Fizemos um seguro e estamos levando uma cópia das condições impressa e outra no e-mail. Estamos cientes do que está contemplado no seguro e quais são os números de telefone para solicitar ajuda. Além da cópia das condições do seguro, estamos levando um certificado do seguro em inglês. Este documento pode ser solicitado na imigração.
Deixamos sempre um parente capacitado (que tenha condições de ter iniciativa) informado sobre o nosso roteiro e com as informações sobre como contatar os hotéis e seguradoras em caso de emergências. Costumamos manter contatos periódicos informando onde estamos.
Tecnologia
Hoje é possível viajar com GPS, tablets, câmeras com múltiplas funções, etc. É legal ter tudo isto bem planejado. Costumamos comprar mapas de GPS específicos para os destinos onde viajamos. Esta será a nossa primeira vez com um tablet. Tive o cuidado de comprar todos os softwares e conectores necessários para viajar com o kit completo. Esta será a primeira vez que viajaremos conectados via 3G. Compraremos créditos em uma operadora italiana.
Levamos duas câmeras. Uma é compacta e a outra com lente maior, mais recursos e filma em alta definição. Comprei os cartões de memória para evitar ficar sem espaço antes do final da viagem. Farei o backup em um serviço online, como o SkyDrive.
Estou levando um celular Android também. Ele serve de backup para o GPS e para as câmeras, além de ser o aparelho telefônico para urgências.
Comprei um carregador veicular da Targus para o tablet e o celular. Também estou levando um adaptador universal de tomadas, daqueles que podem ser adquiridos no freeshop de Cumbica.
Língua
Nós dois falamos inglês sem maiores problemas. No entanto, em alguns países o inglês não é bem aceito em todos os locais e os habitantes podem parecer menos simpáticos simplesmente porque não conseguem se comunicar. Já vivemos isto na pele na parte francesa da Suiça.
Para esta viagem, fizemos 3 semestres de Italiano e mais algumas aulas de reforço. Recebemos a informação de que não se fala inglês em várias cidades da Itália. Em particular, as menores e menos visadas. Passaremos por muitas destas e depois eu conto o quanto isto é verdade. Além de facilitar a comunicação básica, falar algumas palavras da língua do país de destino é uma forma simpática de interagir com os locais e pode render muitos sorrisos, boas estórias e outros benefícios, incluindo uma melhor compreensão da cultura local.
Note que isto também pode reduzir o risco de levar multas.
No nosso caso, não aprendemos a língua apenas para a viagem. Como somos descendentes, nossa intenção é aprender a língua e passar para os filhos, pois isto se perdeu nas últimas duas gerações. Particularmente, sou apaixonado pela língua e cultura italianas.
Chega. Estamos moídos de cansaço. Trabalhar e sair de férias no mesmo dia causa uma certa confusão. Amanhã tem mais.
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