Após o desembarque em Fiumicino, iniciamos a nossa aventura tentando achar uma forma de chegar em Venezia antes do checkin que iria até as 18h. O plano, inicialmente, era ir de trem até a Termini e depois seguir de trem até Venezia. Quando paramos para pedir informações, uma moça nos disse que ficaria mais barato ir para a Termini de van. Topamos. O cara da van correu tanto que eu precisei de um dramim. Bem, de fato, ele chegou primeiro que o trem.
Sobre Fiumicino, achei pequeno e eficiente. Gostei do aeroporto. A Termini também é organizada e intuitiva. Tivemos apenas uma dúvida sobre a plataforma (binario) mas logo recebemos ajuda. O viagem para Venezia levou 3 horas e 43 minutos. Notem que os 3 minutos foram cumpridos à risca. No embarque notei uma coisa curiosa. Os homens não ajudam as mulheres a colocar as malas nos bagageiros. Tive a impressão que eles consideram isto uma intromissão. Eu não, então ajudei quando pude.
O trem partiu no horário. Estávamos mortos de sono. A cada vez que eu despertava, havia um quadro pintado na janela do trem. Sabe aquelas cenas de calendários, com feixes de feno espalhados por campos perfeitos, de várias tonalidades de verde e amarelo com uma casinha no meio? Foi assim. De Roma para Firenze, para Bolonha, para Padova, Venezia Mestre e, por fim, o terminal de Santa Lucia, em Venezia. Descendo, descobrimos como utilizar o tal do Vaporetto.
Fundada em 421 DC, a capital do Veneto é sinônimo de romantismo, beleza, arquitetura e arte. A Sereníssima é tida por muitos como a mais bela cidade do mundo. A cidade foi construída sobre várias ilhas de uma lagoa rasa e que, por sua vez, foram conectadas por pontes.
Marco Polo e Casanova são dois de vários ilustres habitantes de Venezia. As viagens do mercador veneziano Marco Polo entre Venezia e China no século XIII foram registradas na obra "Il Miglione" por Rustichello da Pisa que recebeu o relato de Marco Polo enquanto este era mantido prisioneiro político em Genova.
Aventureiro de outras águas, como bem sabemos, Giacomo Casanova era corajoso, habilidoso, cínico, pouco confiável, fanfarrão e profundamente leviano. Virou sinônimo do amante inescrupuloso. Antes de morrer, escreveu suas memórias na obra "Histoire de ma vie".
O aeroporto de Venezia foi batizado com o nome do primeiro aventureiro. Até o momento, só vi traços do segundo no nome de um hotel próximo de onde estamos hospedados e, pasmem, em um senhor que, no Vaporetto (busão de Venezia), elogiou a Juliana para mim na maior cara de pau. Isto na frente da esposa, fazendo cara de Don Corleone, juntando as mãos como se estivesse rezando. É um fanfarrão! Não tive nem como achar ruim. Concordei com ele e disse: è bella!
Confesso que o grande canal não me impressionou. Chegamos com um pouco de chuva, que parou antes do nosso ponto de desembarque na praça de São Marcos. O queixo caiu quando começamos a procurar o hotel entre os becos da cidade. Che meraviglia! Casais apaixonados (pareciam) passavam sob as pequenas pontes em gôndolas elegantes. Sorriam orgulhosos, como quem realiza um sonho.
Depois de um algumas poucas ruas, achamos o primeiro pedaço do nosso hotel. Lá fizemos o checkin e fomos redirecionados para a nossa hospedagem final, a cerca de dois quarteirões da praça de São Marcos. Gostamos do lugar e o quarto é ótimo. Isto é bastante comum em Venezia e não é nenhum problema. De certa forma, este tipo de hospedagem nos faz sentir como venezianos.
Tomamos um banho e fomos explorar a região. Tiramos muitas fotos. Um vendedor local nos informou que il tramonto (pôr do sol) seria lá pelas 20h. Tínhamos cerca de 4 horas de luz. Aproveitamos para fazer um passeio desordenado, intuitivo, mas muito legal. Aproveitei também para comprar o sim card da Tim para o IPad. Tinha de tudo na rua. Sotaques e sons do mundo todo. Parecia uma apresentação do próprio Marco Polo sobre as belezas do mundo.
Paramos para comer em um restaurante onde o cameriere (garçom) havia sido muito bacana ao me apontar onde ficava a Tim. Não nos arrependemos. Depois de muita pasta e vino, pensamos em uma versão em italiano da música Garçom, de Reginaldo Rossi, quando eu o chamei para pedir il conto.
Cameriere
Qui, in questo tavolo di bar
Tu sei stanco di ascoltare
Molte storie d'amore
Depois de ouvir "Ai se eu te pego" na van do italiano que nos levou para a Termini, isto seria apenas uma vírgula.
Saindo do restaurante, passamos em um mercado para comprar água. A do hotel é filtrada em ouro garimpado por velhas virgens. Pelo menos, o preço indica isto. Aproveitei e comprei um fardo de Peroni. Gostei da cerva.
Passamos na praça de São Marcos para curtir as luzes noturnas. Spetacolo! Músicos se revezavam em restaurantes da praça. Se por acaso você não se encantou com Venezia, tente conhecê-la a noite. Depois fomos caminhar ao lado do grande canal. Um indiano nos vendeu uma rosa por 2 euros com um romantismo tão profundo quanto a visão de uma mulher com cólicas renais. Tentei aproveitar a rosa em algumas fotos. Ficou legal.
No final das contas do primeiro dia, fiquei contente em não precisar de falar nada em inglês. Nada contra, mas falar italiano com italianos é uma experiência mágica. Descobrimos um novo mundo. Hora de dormir. Temos quatro dias por aqui. Prometemos acordar as 6 para fazer uma caminhada ao lado do grande canal em direção ao leste e tomar la prima collazione por lá mesmo. Estou na segunda Peroni e amei a Rai do Veneto. A Juliana desmaiou de cansaço. Vamos ver se a caminhada sai mesmo.
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